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sábado, 27 de dezembro de 2008

Locuras, sozinho...

Tudo o que eu queria era estar no alto da serra, sem ninguém à volta, à noite, debaixo daquele céu estrelado que só quem já lá foi conhece. Era eu e o mp3 do meu celular, a ouvir e cantar a “Real Thing”, dos Bo Bice, só cantada em pequenos momentos por uma unica razao, sem desafinar. E prometo que seria a minha melhor interpretação de sempre. De certeza que não me ia falhar a voz e não ia ter medo de gritar no momento alto da canção, e ia conseguir atingir o agudo certo, que sempre dói. E também ia atingir o grave certo, porque comigo levava o meu beirão, acompanhante de loucuras. E ia ser perfeito, porque não ia estar ninguém a ouvir. Só as estrelas.

Já lá fui e sei que às vezes nem os insectos se fazem ouvir. E nunca lá está ninguém, só podia ser perfeito.Tudo o que eu queria era que nunca mais ninguém me dissesse que estava sempre "lá" se eu precisasse de algo. Odeio. Odeio o "se". Odeio o "lá". Mas se o quê? E "lá", onde? Essa expressão só se aplicaria no caso de pessoas em que já sei que as quero "aqui" e não "lá". Sim, porque se eu quero, se eu sempre quis, não faz sentido o "se" e o "lá". A pessoa estaria "aqui" e nunca passaria a estar ali, porque se é "sempre", então desde sempre eu a quis "aqui", e o "lá" não tem qualquer nexo. Para além disso, se eu quero e sempre quis, a pessoa nem precisa de dizer o "se" quiseres. E, claro, "precisar de alguma coisa" também tem algo que se lhe diga. O que é que eu posso precisar que tenham para me dar as pessoas que usam essa frase? Se preciso delas, é delas que preciso, e não de alguma coisa. E já que estou nisto, essa ou essas pessoas, sabem, por natureza, que as quero a elas, e a mais nada. Portanto, das duas uma, ou estão caladas e limitam-se a estar presentes antes que eu precise, ou então, se não podem estar presentes "aqui", também não digam nada, porque sabem que não me podem satisfazer com a sua presença. Se não podes estar comigo não estejas, mas então... não me digas que "estás lá sempre".

No fundo, é a frase mais estúpida que me lembro agora. Mas pronto... aceito que às vezes é preciso um desbloqueador de conversa ou um pano que nos limpe a alma da consciência pesada.
Tudo o que eu queria era não estar triste, desamparado. Gelado.

Tudo o que eu queria era estar a ouvir e a cantar essa música, e estivesses escondida atrás de uma árvore a ouvir-me cantar, e que te deliciasses. E que depois viesses para o pé de mim e eu faria aquela cara de surpreendido, "tu? aqui? não me digas que estavas a ouvir!".

E depois fazias-me companhia e não havia tempo nem lugar. E finalmente olhavas para mim, olhos nos olhos, tímidos mas sem medo, e ficávamos ambos de respiração suspensa, mas satisfeitos como se tivéssemos respirado fundo.

Tudo o que eu queria era que a minha teoria das probabilidades sobre as paixões desmedidas e correspondidas fosse posta em causa por ti. Eu diria: "a probabilidade de eu gostar de ti é pequena, porque és uma rapariga no meio do mundo, e a probabilidade de gostares de mim também é pequena, porque eu sou apenas um rapaz no mundo; para além disso, somos ambos muito esquisitinhos e exigentes; para sabermos a probabilidade de gostarmos igualmente um do outro, temos de calcular o produto dessas pequenas probabilidades, e sabendo que o produto de probabilidades ínfimas dará uma probabilidade ainda mais ínfima, estima-se que será muito difícil quaisquer duas pessoas como nós gostarem uma da outra", e tu logo me interromperias e dizias: "isso às vezes falha, porque eu gosto de ti e acho que também gostas de mim".

E compreenderias todas as parvoíces e filosofias que eu te contava, e estarias sempre curiosa por mais, sempre com paciência desmedida. E ficavas maravilhada com o meu brilhantismo.
Tudo o que eu queria nesse momento era que o meu já vazio copo de beirão estivesse cheio, já agora.

Se não fosse muito incómodo.



( porque como um louco eu quero tudo, se puder ser. Ou até se não puder ser )

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